A anedota…
As anedotas são das formas mais genuínas e populares de praticar o humor. Se o humor é essencial ao espírito humano, então as anedotas são uma das melhores formas de se caricaturar certas realidades. Não se pretende pois, no texto que se segue, ferir nenhuma susceptibilidade mas sim, brincar com a realidade. Em especial no que toca à vida do Sr. Presidente, desejo em verdade que o mesmo viva por muitos e bons anos e que eu também dure o mesmo, para que possa escrever estes blogues…
Mas o que é certo, é que um certo dia o Sr. Presidente foi “ter” com o São Pedro. Chegado pois às Portas do Céu, o Primeiro Bispo perguntou-lhe:
- Quem és tu?
- Sou o antigo Presidente da Câmara de Foz Côa!!! (disse orgulhoso)
- Ai sim? Acho que já ouvi falar de ti. Foste tu que fizeste aquele Parque fabuloso, o Hospital, o Lar, o Parque da Camionagem, etc., ao pé da capela do meu compadre Santo António?
- Não, isso foi obra dos meus antecessores…(disse envergonhado)
- Então foste tu que fizeste as Piscinas e o Pavilhão Desportivo que se vê da minha capela lá em Foz Côa?
- Não, isso foi obra dos meus antecessores…(disse envergonhado)
- Então foste tu que fizeste aquelas obras na Praça ao redor da capela da minha comadre Santa Quitéria?
- Não, isso foi obra dos meus antecessores…(disse envergonhado)
- Não me digas que foste tu aquele Presidente que não acabou as obras do Parque de Exposições que quase se vê da capela da Nossa Senhora do Amparo???
- É verdade São Pedro, como gastei o dinheiro nas festas e nos salários dos tachistas, não sobrou para essas obras…(confessou atrapalhado)
- Não me digas que foste tu aquele Presidente que não acabou as obras da Lameira que tão bem ficariam à volta da capela da minha comadre Santa Bárbara???
- É verdade São Pedro, como gastei o dinheiro nas festas e nos salários dos tachistas, não sobrou para essas obras…(confessou atrapalhado)
- Então o que estás aqui a fazer? Além do mais, pelo que vejo aqui na tua ficha, afloraste e de que maneira, quatro dos sete pecados, a saber: Arrogância, porque te julgavas superior àqueles que te elegeram; Ira, pois poucas vezes controlavas a tua raiva perante o povo; a Preguiça, pois não fizeste aquilo de que te incumbiram; e a Gula, bem, quanto a este, tu sabes bem ao que me refiro… No entanto, e segundo Ordens Superiores, como estamos na época de Natal, dou-te a hipótese de passares um dia no Inferno, depois outro no Céu e, posteriormente, escolheres onde queres ficar para a eternidade.
- Muito obrigado pela oportunidade. Começo por onde? (disse esperançado e aliviado)
- Vais passar um dia ao Inferno e depois voltas cá…
E assim foi. Bateu à porta do Inferno e apareceu o Diabo em pessoa, que lhe deu as boas-vindas e o encaminhou para o Quinto dos Infernos. Chegado lá, ficou espantado com o que viu. Tinha à sua frente as Frieiras, tal como um dia as tinha imaginado, com um belo e branco areal, choupos frondosos que eram generosos na sombra e barcos com pinta de iates. Tal como imaginado na Terra, também lá estava um restaurante com porco no espeto como prato principal. Mas o seu maior espanto, foi quando viu que também lá estavam todos os seus comparsas do executivo, tendo-se logo iniciado uma daquelas festanças que tantas vezes tinham feito aquando do seu mandato. Aquilo é que foi uma dia… Gozaram à farta, comeram e beberam melhor do que nunca e foi tão bom, que o dia de experiência concedido pelo São Pedro, pareceu acabar num instante, tal como todos os bons momentos de prazer.
Regressado às Portas do Céu, foi então para o Paraíso a fim de experimentar o tal dia paradisíaco.
Aquilo era do melhor, com música celestial a ecoar por todos os lados e um ambiente calmo e sereno. Apesar de ter pouca gente e de durante todo o dia não ter visto ninguém conhecido, gostou da experiência, não obstante a alimentação ser bastante frugal e saudável. Foi um longo dia, devido à acalmia que reinava no ar e, como tal, pareceu-lhe que esse mesmo dia tinha durado uma eternidade…
Passados esses dois dias de experiência entre o Inferno e o Céu, chegou então à fala com o São Pedro, que logo o inquiriu se já tinha tomado a decisão.
- Sabes São Pedro, por estranho que pareça e depois de muito ter pensado, acho que não me dou com o marasmo do Céu e prefiro de longe a agitação do Inferno (disse, certo da sua decisão, como sempre que tomou decisões no seu mandato…)
- Tens a certeza da tua escolha? Olha que é uma decisão para a eternidade!!!
- Nunca estive tão certo!!! (disse, certo da sua decisão, como sempre que tomou decisões no seu mandato…)
E assim se encaminhou para o Inferno e para a eternidade…
Chegado ao Inferno, ficou muito espantado com o que viu: as Frieiras semi-inundadas, calhaus enormes em vez das finas areias, uma estrada intransitável, barcos encalhados, arrais destroçados e todos os seus frequentadores com as vestes rotas, procurando entre os destroços algo para comer. Era isto que o esperava para a eternidade???? Furioso, mandou chamar o Diabo para lhe perguntar o que se passava ali. Não era aquilo que ele tinha visto dois dias antes!!!
- Ouve lá, ó Diabo, então o que é que se passa aqui? (perguntou, já com a sua ira característica a vir ao de cima)
- Pelos vistos já te arrependeste da tua decisão…
- Claro que sim!!! Pensei que isto era como no outro dia…Onde está a areia, os barcos, o restaurante, enfim, tudo de porreiro que vi no outro dia??? (perguntou, com um ar de desespero total)
- É assim: anteontem era CAMPANHA, ontem foram as ELEIÇÕES e hoje é a REALIDADE!!!
Eternamente vossa
Dona Vassoura
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