19 de outubro de 2006

A Vitória das Urgências e a Urgência de uma Vitória

Soubemos há pouco tempo que a nossa Vila Nova foi escolhida pelo Ministério da Saúde para albergar em definitivo uma unidade de urgências, ao abrigo do novo plano de reorganização das urgências hospitalares. Assim sendo, ficará sedeado em Foz Côa um Centro de Saúde e um Centro de Atendimento de Urgências, encarregue de prestar atendimentos a utentes oriundos de uma área vastíssima, que inclui o Douro Superior, a parte sul de Trás-os-Montes e também parte da Beira Alta. Desde Mirandela até à Guarda ( no eixo Norte-Sul ) e desde Moimenta até à fronteira ( no eixo Este-Oeste ), e porque Foz Côa fica precisamente no epicentro deste quadrante, os utentes deverão dirigirem-se à nossa cidade para receber os cuidados de saúde devidos.

Sem dúvida que esta escolha é uma grande vitória para Foz Côa e para os fozcoenses, pois além destes ficarem no epicentro desta rede de urgência, com a consequente redução do tempo de deslocação e acesso a melhores cuidados de saúde, também a Foz Côa terão que se deslocar muitos utentes de concelhos vizinhos, o que poderá ajudar um pouco à criação de mais dinâmica económica, nomeadamente em sectores como os do transportes, hotelaria e comércio. Também se deve salientar que se a saúde é sempre um bem primário, básico e indispensável, em concelhos do interior com populações bastante envelhecidas, este bem assume uma importância ainda mais estratégica e vital, sendo por isso esta centralidade em termos da saúde, bem mais importante do que outras centralidades como a dos serviços judiciais, agrários, etc. Também esta centralidade possibilitará a fixação de mais quadros médios e superiores (médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, etc.) o que sem dúvida enriquecerá socialmente o nosso concelho.

Mas sendo estes factos uma vitória dos fozcoenses, sem dúvida não serão uma vitória do Sr. Presidente da Câmara, senão vejamos: a comissão encarregue de redefinir o mapa de urgências hospitalares atendeu principalmente a três factores para a escolha da nossa cidade: centralidade geográfica, infra-estruturas físicas e recursos humanos. E porque não pode cantar vitória o Sr. Presidente? Vejamos factor a factor. Quanto à centralidade geográfica não pode retirar louros pois segundo se conta, há 5 anos atrás já nem se lembrava onde era Foz Côa. Quanto às infra-estruturas, foram obra dos autarcas do PSD dos fins dos anos oitenta, porque tiveram a visão de fazer obras e de não gastarem o dinheiro em festas, arrais ou comezainas para o povo, como se faz agora. Quanto aos recursos humanos, se efectivamente a maior parte dos médicos do concelho há uns meses atrás eram apoiantes do Sr. Presidente, parece-me que naqueles agora só poderá encontrar o Sr. Edil, inimigos políticos magoados com a sua postura, sendo que um deles em breve assumirá essa mágoa, reassumindo o lugar de vereadora e votando ao lado da oposição!!!

Curioso que da única vitória do nosso concelho nos últimos doze meses, o executivo não pode retirar um único louro ou vir para aí dizer que foi resultante de algum acto seu.

Mas o que me preocupa mais, é que passado um ano de governação, não há nenhuma conquista estratégica, estruturante ou sustentável para a nossa terra, demonstrando-se assim com o tempo, o enorme vazio de actos ou políticas determinantes para o futuro. Mais tarde, todos pagaremos uma factura bem cara, resultante da mais perfeita definição de incompetência!!!

Poderá o Sr. Presidente salvar a honra do convento, aproveitando as boas graças do Ministério da Saúde, para garantir a implantação em Foz Côa de uma Unidade de Saúde Especializada em Cuidados Paliativos, que, como devem saber, trata de doentes terminais, sem cura e moribundos. Poderá assim garantir para o seu executivo, um local aprazível para terminar a sua vida, com a dignidade que todos os merecem. Veja lá é se tem azar com a médica que lhe calha…

Pela vossa saúde,

Dona Vassoura