22 de novembro de 2006

O Ensaio Sobre a Cegueira

Em meados dos anos noventa, José Saramago publica um romance intitulado “ Ensaio Sobre a Cegueira”, dando com este livro um passo importante na conquista do Nobel da Literatura em 1998. Neste romance, conta a história de uma praga contagiosa de cegueira, inexplicável e incurável, que começa num homem e que, lentamente, se espalha pela terra. À medida que a praga se alastra, tudo começa a claudicar naquela sociedade, desmoronando-se por completo todas as referências civilizacionais da mesma.

Como vêm, um homem apenas, pode dar início a uma epidemia e assim destruir toda uma sociedade.

Infelizmente, o conteúdo deste romance, não existe só em ficção, pois tudo leva a crer que tal epidemia se possa vir a propagar pelo nosso Concelho.

Citando Saramago: “Se puderes olhar, vê. Se podes ver, repara”; olhem, vejam e reparem, se a cegueira não parece mesmo ter atingido fatalmente o Senhor Presidente da Câmara. A entrevista concedida pelo mesmo ao Notícias de Freixo de Numão (eu sei que o Côa-Breca já escreveu sobre a mesma, mas é grave demais para que eu deixe de comentar), revela uma cegueira total do Sr. Edil sobre a realidade que o rodeia e, pior ainda, mostra uma ausência total de uma visão de futuro que só pode ser explicada pelo facto de o mesmo ter sido atingido pela maleita de nada enxergar. Mais grave será, se esta doença se pegar a todos os que o rodeiam e se tal foco epidémico se propagar a todo o concelho. Então, tal como no livro do Saramago, perderemos de vez as nossas referências, a nossa terra claudicará e o futuro será muito, mas mesmo muito, NEGRO.

Não se vê na entrevista, uma única linha orientadora para o concelho. Não se encontra no texto, nenhuma análise coerente da realidade sócio-económica da Terra. Não se percebe patavina do que ele quer fazer com o poder que lhe foi confiado e, pior que tudo, não há uma única resposta com cabeça, tronco e membros. É mau de mais para ser verdade e envergonha todos os munícipes. De positivo, só vejo mesmo o facto de só ter sido publicada num jornal local, assim, por enquanto, ninguém de fora saberá o que temos cá dentro…Temo pois, que este fraco “Rei” faça fraca a forte gente, citando agora Luís Vaz de Camões, pondo todos à mercê dessa doença contagiosa que parece Sua Excelência padecer.

Infelizmente, os primeiros sintomas do contágio começam a aparecer, pois no mesmo jornal, está outra pérola do brilho branco da cegueira. Refiro-me ao Editorial, escrito pelo Dr. Coixão, que, de forma quase pré-histórica, aborda o fenómeno dos blogues (leiam que vale mesmo a pena!!!). Começa por dizer: ”de vez em quando faço figura de parvo…. e de parolo”!!! Quem sou eu para o desmentir… Depois, continua dizendo que confundiu um Blogue com um cão!!! Ó Sr. Dr.: - um blogue é uma publicação na Internet e a Internet é uma rede mundial que liga vários computadores e um computador é aquele aparelho em que o Senhor, confessadamente, não sabe mexer; - um cão é um animal mamífero canídeo domesticado pelo ser humano, de nome científico Canis lupus familiaris, que tem quatro patas, ladra e por vezes morde. Esclarecido??? Só pode mesmo ser cegueira… Adiante… Continua dizendo que, pelo facto de ter sido referenciado num blogue como daqueles que mudou do PSD para o PS há 21 anos atrás, considera tal coisa motivo de satisfação e que só por isso já considera ter valido a pena ter feito o que fez. Escusa de agradecer e regozijo-me com a sua satisfação. Além disso, a História é para ser estudada e relembrada, custe a quem custar, mas, com o seu considerável e louvável currículo profissional, deve Vexa saber disso melhor que ninguém. Termina o editorial, dizendo que os alvos do blogues devem vacinar-se contra os mesmos, pois “o tempo custa dinheiro e os burros, hoje, já estão mais selectos e não comem qualquer palha”. Ó Sr. Dr., o burro, ao contrário dos computadores, não tem registado nenhuma evolução, continua a ser um animal mamífero perissodátilo de tamanho médio, focinho e orelhas compridas, com o nome científico de Equus asinus, utilizado desde os tempos pré-históricos como animal de carga, que de selecto não tem nada e que continua a comer a palha como o dono lha quiser dar. Esclarecido??? Só pode mesmo ser cegueira…Razão tinha o Saramago, a coisa pega-se mesmo…


Voltando ao Ensaio Sobre a Cegueira, neste romance apenas uma pessoa fica imune à epidemia, que é, curiosamente, a mulher de um médico da terra. Esta personagem, é a única que pode ver as belas e horrorosas imagens descritas pelo autor, seja o lindo banho de chuva das mulheres na varanda ou os cachorros que devoram o cadáver de um homem na rua. Ela não sabe se é abençoada ou amaldiçoada por poder enxergar no meio de tantos cegos.

Cá para mim, é, definitivamente, abençoada, especialmente quando vai às reuniões de câmara…


De olho bem aberto,

Dona Vassoura

P.S.: Para quem de direito, aqui fica um pequeno conselho de saúde: a Gota é uma doença reumatológica provocada pelo excesso de ácido úrico no organismo;.a sintomatologia consiste em dores e inchaço nas articulações, em especial no tornozelo; dizem os entendidos, que quem sofra de gota, deve manter uma dieta saudável e moderar o consumo de bebidas alcoólicas e de carne de porco. Tanta matança tinha que dar mau resultado…