Imaginar é Ousar…
A imaginação é uma faculdade mental só ao alcance dos seres humanos. Se todas as grandes e pequenas invenções que permitiram a evolução da Humanidade, são sem dúvida fruto do trabalho, também é verdade que a imaginação e o espírito criativo estiveram sempre presentes nessas grandes conquistas civilizacionais.
Os seguidistas do pensamento filosófico do Racionalismo opõem a razão à imaginação, sobrepondo assim as qualidades primárias do pensamento às suas qualidades secundárias. Se é verdade que o raciocínio lógico que aprendemos com Descartes domina o mundo e é a base de todas as análises lógicas, podemos depreender que para analisar coisas e comportamentos ilógicos, por vezes temos que recorrer à imaginação.
É exactamente esse exercício que a Dona Vassoura vai fazer, pois tem a certeza absoluta que se vai debruçar sobre coisas perfeitamente ILÓGICAS.
Imaginemos pois, que em meados deste ano, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil subsidiou a Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa na aquisição de uma viatura todo-o-terreno para a Protecção Civil Municipal, nomeadamente para a Prevenção de Incêndios Florestais. Imaginemos pois, que essa mesma viatura, que deveria servir para os fins definidos aquando da sua aquisição, foi artilhada e caracterizada com uma parafernália de equipamento como mangueiras, tanques, bombas de água, etc.
Imaginemos pois, que essa viatura esteve provavelmente escondida dos olhares populares durante meses e que posteriormente lhe foi retirado todo o equipamento para a prevenção de incêndios florestais, disfarçando-a de viatura “civil” e normal. Imaginemos pois, que esta segunda transformação teve como objectivo deixar a viatura pronta para um vereador circular nela sem ninguém imaginar a origem da mesma e por caminhos nunca antes imaginados.
Imaginamos pois, que esta situação, de limpa, clara e legal, terá pouco e que, se o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil imagina que o seu dinheiro anda a ser indevidamente utilizado, poderá chatear-se muito a sério com quem ele imaginar que anda de passeata por sítios onde a floresta só pode ser imaginária.
Agora, imaginemos que um cidadão detecta um foco de incêndio, liga para o 117 (Número de Emergência de Incêndios Florestais) e a referida viatura necessita de ser utilizada para a sua função primária? Que se passará então? Eu imagino que alguém da Câmara liga para o Senhor Vereador e este, esteja onde estiver, dirigir-se-á para os armazéns da câmara a fim de montar os tanques, por as mangueiras e ferrar as bombas de água, arrancando de seguida para atacar o referido foco que, com estas demoras todas, já não será um foco de incêndio mas sim um verdadeiro incêndio dos Quintos dos Infernos. É fácil de imaginar que assim não há prevenção florestal, não há protecção civil e acima tudo, e já no campo da lógica, não há decoro, vergonha nem limites para os estratagemas. Quem brinca com o fogo queima-se…
Será esta estória é apenas fruto da minha imaginação? Não será antes verdade que tive que rejeitar o racionalismo devido à falta de lógica desta estória e, optar definitivamente pelo imaginarismo?
Não sei, nem quero saber mas, uma coisa eu sei:
Imaginar é Ousar e muitas vezes ACERTAR!!!
Onde há fumo, há fogo e o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil e os fozcoenses sabem muito bem disso…
Sempre de chama acesa,
Dona Vassoura
P.S.: Aconselhamos vivamente a que o Executivo compre o livro “Ética” de Baruch de Spinoza, um dos grandes racionalistas da filosofia moderna, que custa a módica quantia de 8,49 euros. Este sim, seria dinheiro muito bem empregue…
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