O Preço da Cultura
Acabou mais uma edição da Quinzena da Amendoeira em Flor. Perdão, Festa dos Patrimónios e das Amendoeiras em Flor, porque em verdade não se pode comparar esta festa com a verdadeira e saudosa Quinzena. Não vou aqui discorrer sobre a tristeza da festa a que a Câmara nos sujeitou, porque esteve à vista de todos e todos já têm a sua opinião bem definida: foi do pior e do menos mobilizador que já foi feito.
Serve este texto “apenas” para mostrar às nossas gentes, como anda a ser gasto o dinheiro da nossa autarquia numa suposta política cultural, a cargo da Fozcoactiva. Depois, cada um que tire as suas conclusões…
Analisemos pois o Relatório de Gestão do Conselho de Administração da Fozcoactiva relativo ao ano de 2006!
Chamo a atenção que, para uma mais fácil leitura, os números apresentados serão quase todos arredondados para os milhares de euros.
Começando pelos proveitos, realça-se que os mesmos foram de 104 mil euros contra os 209 mil de 2005. Uma quebra de 105 mil euros (quase todo o ano de 2005 o PSD ainda estava no poder). Se calhar a quebra ainda é muito maior, se considerarmos que neste momento e também em 2006 quase a totalidade das receitas provêm apenas do cinema e, estas foram, segundo o mesmo relatório, de apenas 14 mil euros. De onde virão os restantes proveitos? Se calhar virão dos serviços prestados à Câmara Municipal para organização das Festas da Amendoeira e, como tal, deverão ser acrescentados aos subsídios à exploração que, mesmo sem este acrescento, já foram de 306 mil euros.
Como vêem, do dinheiro de todos nós, 306 mil e se calhar o outro acrescento já falado, foram direitinhos para a Cultura, contra os 124 mil euros gastos em 2005.
Quanto aos custos, ascendem a 428 mil euros contra 349 mil de 2005, ou seja, um acréscimo de 79 mil euros. Convém destacar que 238 mil euros são com o pessoal, nada comparáveis com os 176 mil do ano anterior (mais 62 mil euros). A empresa contou no ano de 2006 com 1 Administrador Delegado, 5 técnicos, 7 administrativos e 1 trabalhador indiferenciado.
Imagem lá a quem calhou o maior bolo destes custos com o pessoal? Com os Administradores e Directores, ou com os técnicos e administrativos? Como pista deixo o facto do Administrador ter ganho em 2006 mais de 19 mil euros, conforme consta do relatório, faltando saber o quanto ganhará a Directora Cultural, mas estimo que seja um valor de cerca de 35 mil euros. Ou seja do acrescento de custos com o pessoal (repito, de 62 mil euros), toda esta verba, ou quase toda, vai direitinha para o bolso de duas pessoas. Apesar de estarmos a pagar tanto a quadros tão “valiosos”, estes não conseguiram melhorar a performance económica da empresa, não conseguiram fazer de Foz Côa um exemplo de dinamismo cultural (outros concelhos vizinhos tem o mesmo ou mais dinamismo, gastando menos dinheiro), não conseguiram cativar mais público e raramente são vistos por lá e, quando aparecem, pouco ou nada fazem. Apesar de quadros tão bem pagos, para a Festa da Amendoeira em Flor, além de não deitarem as mãos ao trabalho, deixam parte da programação entregue ao Bicho da Fruta (trabalho que deviam ser eles a executar), não sabendo que enquadramento legal tem este mesmo senhor para que possa gerir dinheiros do povo, nem se sabendo os dividendos que daí retira, agravado pelo factor de não estar este senhor colectado para o exercício desta actividade.
Todos estes custos serviram, segundo o mesmo relatório, para a dinamização do Centro Cultural, Biblioteca e Salas de Exposições, mas deve-se acrescentar que serviram também para as Festas das Amendoeiras e para as famosíssimas Férias Desportivas.
No mesmo relatório lê-se que houve 4.679 espectadores no Cinema (um número apreciável no meu entender) mais 480 no Cinema Infantil. Acresce que apenas se realizaram 9 espectáculos musicais com uma assistência média de 108 e 11 sessões de teatro com média de 122 espectadores. Quanto a estes números, tirem lá as vossas conclusões quanto à adesão das nossas gentes. Isto a acreditar nos números, pois como são relativos a entradas gratuitas, ficam estes ao critério da pessoa que for contar.
Falando ainda de receitas, e seguindo a desconfiança que me foi imputada por “certas fontes”, deixo desde já aqui a seguinte questão: foram passados recibos da Fozcoactiva relativos ao dinheiro que os pais das crianças das últimas férias desportivas pagaram? Se sim, calo-me já! Se não, alguém tem explicações a dar… Alguém me pode confirmar esta estória através dos comentários? Ficava grato…
Para não vos maçar mais deixo aqui um resumo das contas de 2006 comparadas com as de 2005: menos 105 mil euros de receitas, mais 79 mil euros de custos dos quais 62 mil em salários e mais 183 mil euros em relação a 2005, injectados pela câmara naquele sorvedouro de dinheiro. Isto só no primeiro ano deste executivo a tomar conta da Fozcoactiva. Desconfio que em 2007 o cenário ainda piorou mais.
Posto isto, deixo algumas perguntas:
- Tem havido retorno deste dinheiro na actividade cultural para o povo ?
- No meio de tanto dinheiro mal gasto, faz sentido dar apenas um trocos (400 euros no máximo) para incentivarem as pessoas a fazerem carros para o cortejo? É que 30 carros, mesmo todos a receberem o máximo, dá uma quantia de 12 mil euros…Quase nada comparado com as verbas acima referidas!
- Poderá a falta de dinheiro, havendo tanto mal gasto, ser desculpa para não apoiar, por exemplo, a Festa do Solstício?
- Haverá alguma desculpa para se apoiar menos, certas associações culturais, escolas de músicas, etc. quando se gasta tanto na Fozcoactiva?
Será que os Fozcoenses sabem que estão a pagar este preço pela dinâmica cultural que (não)temos?
Será que vale a pena pagar este preço?
Quando um que retire as ilações que bem entender…
Eu já tirei as minhas: É MUITA PARRA E POUCA UVA!!!
A sempre vossa
Dona Vassoura
Serve este texto “apenas” para mostrar às nossas gentes, como anda a ser gasto o dinheiro da nossa autarquia numa suposta política cultural, a cargo da Fozcoactiva. Depois, cada um que tire as suas conclusões…
Analisemos pois o Relatório de Gestão do Conselho de Administração da Fozcoactiva relativo ao ano de 2006!
Chamo a atenção que, para uma mais fácil leitura, os números apresentados serão quase todos arredondados para os milhares de euros.
Começando pelos proveitos, realça-se que os mesmos foram de 104 mil euros contra os 209 mil de 2005. Uma quebra de 105 mil euros (quase todo o ano de 2005 o PSD ainda estava no poder). Se calhar a quebra ainda é muito maior, se considerarmos que neste momento e também em 2006 quase a totalidade das receitas provêm apenas do cinema e, estas foram, segundo o mesmo relatório, de apenas 14 mil euros. De onde virão os restantes proveitos? Se calhar virão dos serviços prestados à Câmara Municipal para organização das Festas da Amendoeira e, como tal, deverão ser acrescentados aos subsídios à exploração que, mesmo sem este acrescento, já foram de 306 mil euros.
Como vêem, do dinheiro de todos nós, 306 mil e se calhar o outro acrescento já falado, foram direitinhos para a Cultura, contra os 124 mil euros gastos em 2005.
Quanto aos custos, ascendem a 428 mil euros contra 349 mil de 2005, ou seja, um acréscimo de 79 mil euros. Convém destacar que 238 mil euros são com o pessoal, nada comparáveis com os 176 mil do ano anterior (mais 62 mil euros). A empresa contou no ano de 2006 com 1 Administrador Delegado, 5 técnicos, 7 administrativos e 1 trabalhador indiferenciado.
Imagem lá a quem calhou o maior bolo destes custos com o pessoal? Com os Administradores e Directores, ou com os técnicos e administrativos? Como pista deixo o facto do Administrador ter ganho em 2006 mais de 19 mil euros, conforme consta do relatório, faltando saber o quanto ganhará a Directora Cultural, mas estimo que seja um valor de cerca de 35 mil euros. Ou seja do acrescento de custos com o pessoal (repito, de 62 mil euros), toda esta verba, ou quase toda, vai direitinha para o bolso de duas pessoas. Apesar de estarmos a pagar tanto a quadros tão “valiosos”, estes não conseguiram melhorar a performance económica da empresa, não conseguiram fazer de Foz Côa um exemplo de dinamismo cultural (outros concelhos vizinhos tem o mesmo ou mais dinamismo, gastando menos dinheiro), não conseguiram cativar mais público e raramente são vistos por lá e, quando aparecem, pouco ou nada fazem. Apesar de quadros tão bem pagos, para a Festa da Amendoeira em Flor, além de não deitarem as mãos ao trabalho, deixam parte da programação entregue ao Bicho da Fruta (trabalho que deviam ser eles a executar), não sabendo que enquadramento legal tem este mesmo senhor para que possa gerir dinheiros do povo, nem se sabendo os dividendos que daí retira, agravado pelo factor de não estar este senhor colectado para o exercício desta actividade.
Todos estes custos serviram, segundo o mesmo relatório, para a dinamização do Centro Cultural, Biblioteca e Salas de Exposições, mas deve-se acrescentar que serviram também para as Festas das Amendoeiras e para as famosíssimas Férias Desportivas.
No mesmo relatório lê-se que houve 4.679 espectadores no Cinema (um número apreciável no meu entender) mais 480 no Cinema Infantil. Acresce que apenas se realizaram 9 espectáculos musicais com uma assistência média de 108 e 11 sessões de teatro com média de 122 espectadores. Quanto a estes números, tirem lá as vossas conclusões quanto à adesão das nossas gentes. Isto a acreditar nos números, pois como são relativos a entradas gratuitas, ficam estes ao critério da pessoa que for contar.
Falando ainda de receitas, e seguindo a desconfiança que me foi imputada por “certas fontes”, deixo desde já aqui a seguinte questão: foram passados recibos da Fozcoactiva relativos ao dinheiro que os pais das crianças das últimas férias desportivas pagaram? Se sim, calo-me já! Se não, alguém tem explicações a dar… Alguém me pode confirmar esta estória através dos comentários? Ficava grato…
Para não vos maçar mais deixo aqui um resumo das contas de 2006 comparadas com as de 2005: menos 105 mil euros de receitas, mais 79 mil euros de custos dos quais 62 mil em salários e mais 183 mil euros em relação a 2005, injectados pela câmara naquele sorvedouro de dinheiro. Isto só no primeiro ano deste executivo a tomar conta da Fozcoactiva. Desconfio que em 2007 o cenário ainda piorou mais.
Posto isto, deixo algumas perguntas:
- Tem havido retorno deste dinheiro na actividade cultural para o povo ?
- No meio de tanto dinheiro mal gasto, faz sentido dar apenas um trocos (400 euros no máximo) para incentivarem as pessoas a fazerem carros para o cortejo? É que 30 carros, mesmo todos a receberem o máximo, dá uma quantia de 12 mil euros…Quase nada comparado com as verbas acima referidas!
- Poderá a falta de dinheiro, havendo tanto mal gasto, ser desculpa para não apoiar, por exemplo, a Festa do Solstício?
- Haverá alguma desculpa para se apoiar menos, certas associações culturais, escolas de músicas, etc. quando se gasta tanto na Fozcoactiva?
Será que os Fozcoenses sabem que estão a pagar este preço pela dinâmica cultural que (não)temos?
Será que vale a pena pagar este preço?
Quando um que retire as ilações que bem entender…
Eu já tirei as minhas: É MUITA PARRA E POUCA UVA!!!
A sempre vossa
Dona Vassoura